Vela nas olimpíadas, o baile das classes segue.

Vela nas olimpíadas, o baile das classes segue.

Novamente, às vésperas dos Jogos Olímpicos, se discute as classes que estarão nos próximos jogos. Não bastasse nosso natural interesse pelo tema, somamos o fato de que seremos os anfitriões em 2016 no Rio de Janeiro. Como velejadores, nos parece claro e lógico que no evento de maior evidencia e importância, se use equipamentos de classes estruturadas com flotilhas atuantes e espalhadas geograficamente por todos os continentes, que abrangem o máximo de características no sentido de que toda e qualquer nação possa disputar em igualdade de condições as medalhas olímpicas no esporte da vela. Da mesma forma, nos parece inconcebível que justamente na celebração máxima do esporte se experimente mudanças de regras e conceitos. Mas, mudanças têm acontecido, a maioria de difícil entendimento. Somente para citar algumas que aconteceram mais recentemente, como a saída do Soling após 2000. Difícil entender, pois coincidiu com incremento de política da ISAF para desenvolver o Match Race e as finais do Soling em Sidney foi um dos eventos mais televisionados da vela naquela edição. Vejam a matéria que se refere a este fato: http://www.nautica.com.br/colunas/viewcoluna.php?id=449 A saída e posterior volta do Star, que mostrou a força de uma classe estruturada e atuante, espalhada por todos os cantos do mundo. A entrada do Yngling, um barco que poucos conheciam e com pouquíssima expressão mundial, totalmente inadequado para vela feminina. Posteriormente foi a saída do Tornado e com ele os multicascos, alijando grande parte dos velejadores que utilizam os catamarãs como equipamento para velejar. Por traz destas manobras sempre aparece o argumento que a vela esta para deixar de ser um esporte olímpico. Que se não houver mudanças profundas, não haverá vela no futuro.  A principal razão, segundo o COI, é a vela não dar retorno aos Jogos e a televisão. Veja matéria escrita em 2006 sobre este assunto: http://www.nautica.com.br/colunas/viewcoluna.php?id=172 Quais as razões apontadas: 1) Regras e terminologia complicadas de entender 2) Regatas demoradas 3) Difícil de entender quem esta na frente, difícil televisionar e explicar ao telespectador. 4) Esporte de baixo apelo aos jovens (adrenalina). 5) Grande longevidade dos atletas de ponta 6) Grande dificuldade de comercializar as imagens de vela (poucos países compram).

Cada vez mais, quem financia o COI e as Federações Olímpicas Internacionais é a televisão. Portanto, fácil de entender porque a ISAF trabalha para mudar o quadro atual. Incrível que quem decide estas mudanças em última instância é o Conselho da ISAF que é formado por delegados dos países e que também representam grupos. O Brasil tem um voto e representa o voto do Paraguai. Sempre me chamou a atenção como é feita a estratégia para que a votação se encaminhe no sentido dos interesses. Neste aspecto o estrategista é um maestro, sem dúvidas, pois consegue elaborar uma sequência intrincada de votações, onde acabam quase sempre se degladiando duas classes que já não interessam, ou uma fraca contra uma muito forte, preservando sempre as classes que não interessa que saiam. Voltando a política que esta por trás das últimas mudanças, vemos que a intenção é mudar o gráfico, aproximando-o do gráfico dos outros esportes bem sucedidos nos Jogos. Cortar a classe Star que esta no topo da carreira dos velejadores, obriga que os “heróis olímpicos” procurem algum equipamento que ainda possam de adaptar ou se aposentem. Nesta linha, o Elliot também foi sacrificado. Barco fácil de ser velejado. Mesmo tentando estabelecer uma lógica, fica quase impossível achar uma razão para a saída do Windsurfe para a entrada do Kitesurfe, talvez por ser se tornado o esporte que mais tem se expandido nos últimos anos em todo mundo. As classes para os Jogos Olímpicos de 2016 estão confirmados como: Kitesurfe homens Kitesurfe da Mulher Dingue homens um tripulante – Laser Dingue mulheres uma tripulante – Laser Radial Dingue homens um tripulante (pesado) – Finn Dingue homens dois tripulantes – 470 Dingue mulher dois tripulantes – 470 Skiff masculino – 49er Skiff Mulher – 49er FX Catamarã  misto de dois tripulantes – Nacra 17 Mas acreditem, outras medidas ainda virão, como por exemplo uma Regata da Medalha, nos moldes das finais de corrida ou natação, onde os 10 primeiros correm a ultima regata com zero pontos, quem vencer, será ouro.

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